10 de março de 2021

POEMAS com TINTA graúdos [quando me penhoraram injustamente todos os meus bens]


QUANDO ME PENHORARAM INJUSTAMENTE TODOS OS MEUS BENS
P'la voz de Rita Araújo À Fortuna Fortuna, que me persegues! Pequeno triunfo teus: Eu desejo só vontades, Tu disputas-me vinténs. Basta-me o que me deixares, Quando tudo me levares. Basta-me esta alma que tenho, Constante como os penedos; Bastam-me as águas das fontes, E a sombra dos arvoredos; Ponho-me ao fresco no Estio, E aquento-me, andando ao frio. Basta-me o Sol, que não podes Apagar, e à noite a Lua. Se me tirares a casa, Irei dormir para a rua. Sopa, não me dá cuidado, Tem muitas plantas o prado. Se o teu rigor se estendesse A tirar-me o meu tinteiro, Escreveria nos troncos, Com um prego, este letreiro: «Vim ao mundo sem camisa, Ninguém morrendo a precisa.» Marquesa de Alorna 

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