27 de março de 2019

Dia Mundial do Teatro 2019



Nada melhor do que duas das caras larocas da companhia para vos desejar um dia mundial do Teatro cheio! O Teatro faz-se, também, do seu público e estamos eternamente gratos por cada um de vós desse lado do palco. O Teatro é uma arte do colectivo, tal como... o Amor - porque a Amizade também é Amor. Bem-hajam ♥️

Aos nossos, a Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2019. Ontem, hoje, sempre. *

"Antes do meu despertar para o teatro, os meus mestres já lá estavam. Tinham construído as suas casas e as suas poéticas sobre os vestígios das suas próprias vidas. Muitos deles não são conhecidos ou ninguém os recorda: trabalharam a partir do silêncio, na humildade das suas salas de ensaios e dos seus teatros cheios de espectadores e lentamente, após anos de trabalho e feitos extraordinários, foram deixando o seu lugar e desapareceram. Quando percebi que o meu ofício e o meu próprio destino seria seguir os seus passos, entendi também que herdava deles essa tradição fascinante e única de viver o presente sem outra expectativa que alcançar a transparência de um momento irrepetível. Um momento de encontro com o outro na penumbra de um teatro, sem mais protecção do que a verdade de um gesto, de uma palavra reveladora.

O meu país teatral são esses momentos de encontro com os espectadores que, noite após noite, entram na nossa sala, vindos dos cantos mais distantes da minha cidade para nos acompanhar e partilharmos umas horas, uns minutos. Com esses momentos únicos construo a minha vida, deixo de ser eu, de sofrer as minhas dores e renasço e compreendo o significado do ofício de fazer teatro: viver instantes de pura verdade efémera, onde sabemos que o que dizemos e fazemos, ali, sob a luz dos projectores, é verdadeiro e reflecte o mais profundo e o mais pessoal de nós próprios. O meu país teatral, o meu e o dos meus actores, é um país tecido desses momentos onde abandonamos as máscaras, a retórica, o medo de ser quem somos e nos damos as mãos na penumbra.
A tradição do teatro é horizontal. Não há quem possa afirmar que o teatro está em algum centro do mundo, em alguma cidade, em algum edifício privilegiado. O teatro, tal como eu o recebi, espraia-se por uma geografia invisível que entretece as vidas dos que o fazem e o ofício teatral num mesmo gesto unificador. Quando morrem, todos os mestres do teatro levam consigo esses momentos de lucidez e de beleza irrepetíveis; todos desaparecem do mesmo modo sem deixar outra transcendência que os ampare ou faça ilustres. Os mestres do teatro sabem-no, não há reconhecimento que valha perante esta certeza que é a raiz do nosso trabalho: criar momentos de verdade, de ambiguidade, de força, de liberdade na maior das precaridades. Deles não sobreviverão senão dados ou registos de trabalhos em vídeo e fotografias que recolheram apenas uma pálida ideia do que fizeram. Faltará sempre nesses registos a resposta silenciosa do público que entende num instante que o que ali se passa não tem tradução possível nem se encontra fora de cada um, que a verdade que ali se partilha constitui uma experiência de vida, por segundos mais diáfana do que a própria vida.

Quando compreendi que o teatro é, em si mesmo, um país, um território que abarca o mundo inteiro, nasceu em mim uma decisão que é também uma liberdade: não tens de te afastar ou mover-te do sítio onde te encontras, não tens de correr ou mudar de local. Aí, no ponto em que existes, está o público. Aí, tens a teu lado os companheiros de que necessitas. Ali, fora da tua casa, está toda a realidade quotidiana, opaca e impenetrável. Trabalhas então a partir dessa aparente imobilidade para construir a maior das viagens, para repetir a Odisseia, a viagem dos argonautas: és um viajante imóvel que não cessa de acelerar a densidade e a rigidez do teu mundo real. A tua viagem ruma ao instante, ao momento, ao irrepetível encontro face aos teus semelhantes. Viajas ao seu encontro, rumo ao seu coração, à sua subjectividade. Viajas por dentro deles, das suas emoções, das suas memórias que despertas e agitas. É vertiginosa e ninguém pode medi-la ou calá-la. Também ninguém poderá reconhecê-la na sua justa medida, é uma viagem através do imaginário da tua gente, uma semente que se semeia no mais remoto dos terrenos: a consciência cívica, ética e humana dos teus espectadores. Por tudo isto, não me movo, continuo em minha casa, entre os que me são próximos, numa aparente quietude, trabalhando dia e noite, porque tenho o segredo da velocidade."

Carlos Celdrán,
Cuba


[Encenador, dramaturgo, académico e professor, que vive e trabalha em Havana, Cuba. Nasceu em 1963, em Havana, Estudou no Instituto Superior de Artes em Havana. Foi director de cena residente do Teatro Buendía em Havana até 1996. Nessa altura criou a sua própria companhia – Teatro Argos – que tem por objectivo trazer uma nova vida ao cânone do teatro moderno europeu. Tem trabalhado sempre como professor e recebeu já vários prémios.]

19 de março de 2019

Março Jovem 2019

Estivemos em algumas Escolas Secundárias a dar um bocadinho de nós aos mais jovens.
Aqui ficam pequeninos (mas grandes!) registos trazidos da Escola Secundária José Afonso!




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24 MARÇO / Domingo

“D. QUIXOTE de LA MANCHA e seu amigo SANCHO PANÇA”
pela BYFURCAÇÃO (Sintra)

M3 | 50min

24 e 31 Março (Domingos)
Cinema S. Vicente
16H

+ evento facebook




Sinopse
A nossa história passa-se em La Mancha, daí o nome do nosso herói, D. Quixote de La Mancha. Este nosso fidalgo da triste figura, vai deambulando pelas terras quentes de Espanha, à procura de dar justiça às injustiças. Como todos os grandes cavaleiros, o nosso tem um corcel digno – Rocinante – um escudeiro não tão submisso – Sancho Pança- e uma amada inatingível – Dulcineia del Toboso.

Mas muitos dizem que Dom Quixote é louco, nós acreditamos que a realidade existe apenas no olhar de quem a vê.

Ficha Técnica e Artística
Adaptação de texto e encenação: Paulo Cintrão | Interpretação: Paulo Cintrão, Ricardo Karitsis e Rafael Serra | Música Original: Nuno Cintrão | Figurinos: Flávio Tomé | Cenografia e adereços: Marta Fernandes da Silva | Imagem e Design: Carlos Moura | Técnico de som e frente de sala: BYfurcação Teatro | Produção: BYfurcação Teatro

12 de março de 2019

11 de março de 2019

16 MARÇO / Sábado

“SUBSOLO”
por Teatro Efémero (Sintra)

M16 | 60min

16 Março (Sábado)
Espaço Animateatro
21H30

+ evento facebook


No início de cada apresentação haverá uma recolha de alimentos que serão entregues na Associação Refugiados em Portugal. O espetáculo inicia-se com uma instalação.


Sobre
SUBSOLO é uma constatação de que a guerra mudou muito pouco com a evolução dos tempos, apenas se tornou mais simples e eficaz. Com os avanços da tecnologia o ser humano procura constantemente aproximar-se do sofrimento do outro. Desta forma podemos dizer que SUBSOLO apresenta uma realidade paralela, quase que uma distopia que está tão próxima de acontecer num futuro próximo. Uma crítica irónica ao voyeurismo presente na nossa sociedade atual em relação à guerra permanente a que temos acesso através dos média.

Sinopse
A guerra não passa de um Aquário cheio de corpos, que estão limitados por um espaço, onde a única forma de sobreviver é também a única forma de morrer. Os que detém o poder dominam os movimentos das águas consoante o que mais lhes aprouver. E assim sendo, estes corpos não passam de meras saquetas incómodas e poluídas, que um dia pensaram ser humanos. Chamamos humanos aos que desumanizam aqueles que eram tão humanos como nós. E chamamo-nos o quê a nós que não desumanizamos nem somos humanos? Somos os vigilantes silenciosos, os assassinos escondidos, os monstros que assistem, e residem, sentados confortavelmente nos nossos lares, enquanto contribuímos para a destruição do mundo sem fazer nada. Saramago dizia, “se puderes olhar vê, se puderes ver, repara”, nós dizemos, se puderes olhar vê, se puderes ver, age.

Ficha Técnica e Artística

Texto, Direção e Interpretação: Carolina Figueiredo e Mafalda Mósca | Produção: TEATRO EFÉMERO | Apoio Técnico: André Madruga e José Santos | Cenografia: Carolina Figueiredo, Júlio Almas e Mafalda Mósca | Voz: Tiago Carrasco | Operação de Luz e Som: Miguel Moisés | Edição de Vídeo: Samir lx connct | Apoio à Produção: Departamento de Artes Cénicas, Universidade de Évora


#067 PASSATEMPO - 16MAR (SÁB), SUBSOLO

Sobre o que é o espectáculo? Desafio: em cinco palavras.

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+ informações - PASSATEMPOS - coluna direita do blog 

7 de março de 2019

9 MARÇO / Sábado / FORA de CASA

“A BOTA VELHA” 
52ª Criação ANIMATEATRO

M6 | 50min

9 Março (Sábado)
Casa Tangente (Elvas)
Acolhimento UMCOLETIVO
21H

+ evento facebook


Sobre
Parti desafiando um amigo, um ilustrador que à revelia deixava escorrer lúcidos, absurdos e estimulantes escritos. Encantou-me a forma como desencadeava humor nas anormalidades do dia-a-dia, ora envergando nós, estrutura Animateatro, uma especial estimação pelo tratar a seriedade de forma estranha, instiguei-o, acedeu gentilmente e de tecla em punho presenteou-nos com uma viagem que tanto veste absurdo, melancolia como comicidade. No processo dramatúrgico, o que mais se demarcou foi a intenção em explanarmos a disparidade entre o ficcional e o real, entre gerações, entre o brincar e o estagnar. Saberá quem nos lê que, muitas vezes, por nos considerarmos vetustos, não nos permitimos à ação de foliar, não deixamos fruir a diferença que nos circunda, fechamos janelas, inibimos experiências de entrar. Na solitude da maturidade, frequentemente resgatamos imagens a uma memória imberbe, vestida de uma beleza inócua que se dilui lentamente, mas à qual inconscientemente persistimos em ancorar. Lá, questionamos de forma labiríntica os momentos, existe a dificuldade em discernir o real ou fabricado, entre a ilustração ou fotografia, mas é crucial registar o pormenor, pois sem ele o que seria do beco, da bicicleta ou até da vizinha.
Tratamos uma viagem recheada de passados possíveis. (Lina Ramos)



Sinopse
Quantos queres? Sim é aquele jogo em que podemos escolher, onde pequenas pintas com cores nos instigam, revelando estreitas janelas, potenciando vastas possibilidades. Quantos pormenores queres? Há Vermelho que traz uma vizinha com sete chapéus, o verde que carrega a bicicleta velha do carteiro novo, o amarelo que imponentemente revela o par de pombas nas suas assembleias gerais. Se abrirmos um buraco, se puxarmos um fio, o que acontecerá? Uma memória fabricada, um futuro aberto, um presente intemporal, uma bota que é velha? Pode até não acontecer nada, pode até ser tudo uma brincadeira.

Ficha Técnica e Artística

Texto: Rodolfo Bispo | Co Criação: Cláudio Pereira e Lina Ramos | Interpretação: Cláudio Pereira e Lina Ramos | Sonoplastia: Cláudio Pereira | Desenho de luz, figurinos e cenários: Cláudio Pereira e Lina Ramos | Execução de figurinos: Maria Teresa Beirão e Lina Ramos | Serralheiro: José Galego | Ilustração, Grafismo: Rodolfo Bispo | Fotografia: Patrícia Ricardo e Paulo Vicente | Produção: Animateatro

10 MARÇO / Domingo

“As HISTÓRIAS da CAROCHINHA” 
pela BYFURCAÇÃO (Sintra)

M3 | 50min

10 e 17 Março (Domingos)
Cinema S. Vicente
16H

+ evento facebook


Sinopse
Carochinha e João Ratão não estão sozinhos nesta versão de “As Histórias da Carochinha”. A eles juntam-se uma série de personagens divertidas que ajudam a contar o tão popular conto português. Vem conhecê-los e descobre o novo final que esta história apresenta!

Ficha Técnica e Artística
Texto original e encenação: João Ascenso | Interpretação: Anaísa Raquel, Catarina Ramos, João Ascenso e João Redondo | Música Original: Nuno Cintrão | Figurinos e adereços: Byfurcação Teatro | Cenografia: Marta Fernandes da Silva | Design gráfico e imagem: Carlos Moura | Técnico de som e luz: Pedro Caseiro | Assistência de Produção: Catarina Ramos | Produção: BYfurcação Teatro