26 de agosto de 2016

17 SETEMBRO / Sábado

Eu Próprio o Outro
a partir da novela homónima de Mário de Sá-Carneiro
Performance/debate de investigação por Bruno Schiappa
M12 | 60min

17 Setembro (Sábado)
Espaço ANIMATEATRO (Amora)
21h30

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SOBRE
O ator e encenador Bruno Schiappa realiza uma performance com leitura encenada de textos de Mário de Sá-Carneiro, numa homenagem ao poeta no centenário da sua morte, por suicídio, em 1916.
A performance será seguida de um debate com o público, na qual será pedido aos espectadores que escrevam e leiam in loco, a partir do tema: "a performance da palavra e a palavra enquanto performance" e com o seguinte plano de questões ao público que fez exercícios de escrita e leitura in loco: "a performance enquanto matéria, também, invisível. Quando se escreve que energia se dissolve, conduz, penetra e ultrapassa os limites do corpo? E quando se lê? O ato de escrever é uma performance do pensamento? E o ato de ler? Quando escrevo antecipo e altero percursos pessoais? E quando leio? Não só mas também quando leio escritos de outros? E ler os meus próprios escritos altera a performance de quando os escrevi?"


SINOPSE
Eu próprio o Outro: um escritor cruza-se com uma personagem sobre a qual escreve. Durante o processo de escrita, o autor vai tecendo elogios ao outro e fazendo comparações consigo. Conforme se entrega febrilmente à paixão de escrever sobre esse “outro”, percebe que está a ficar perturbado, consumido e encurralado por ele. Mas quem será esse “outro”? Existirá fisicamente? Será um alter ego do escritor ou um ideal de si mesmo? E que medidas poderá o escritor tomar para se libertar desse “outro”?

Depois da performance que se pautará pela leitura e a escrita enquanto ações, seguir-se-á uma conversa/debate com o público sobre a performance da palavra e a palavra enquanto performance.
Em que medida é, o ato criativo de escrever, uma performance? E o ato de ler? O que se altera quando outro lê o que um escreve? E quando o primeiro escreve estará a recriar-se?
Estas questões terão como pano de fundo o centenário do suicídio de Mário de Sá-Carneiro a partir da novela Eu Próprio O Outro." 
Bruno Schiappa


EXCERTOS

"Quero fugir, quero fugir!...
Haverá tortura maior?
Existo, e não sou eu!...
Eu próprio sou outro... Sou o outro... O Outro!...."
Mário de Sá-Carneiro, Eu Próprio o Outro

“A menos de um milagre na próxima segunda-feira, 3 (ou mesmo na véspera), o seu Mário de Sá-Carneiro tomará uma forte dose de estricnina e desaparecerá deste mundo. É assim tal e qual – mas custa-me tanto a escrever esta carta pelo ridículo que sempre encontrei nas "cartas de despedida"... Não vale a pena lastimar-me, meu querido Fernando: afinal tenho o que quero: o que tanto sempre quis – e eu, em verdade, já não fazia nada por aqui... Já dera o que tinha a dar. Eu não me mato por coisa nenhuma: eu mato-me porque me coloquei pelas circunstâncias – ou melhor: fui colocado por elas, numa áurea temeridade – numa situação para a qual, a meus olhos, não há outra saída. Antes assim. É a única maneira de fazer o que devo fazer. Vivo há quinze dias uma vida como sempre sonhei: tive tudo durante eles: realizada a parte sexual, enfim, da minha obra – vivido o histerismo do seu ópio, as luas zebradas, os mosqueiros roxos da sua Ilusão. Podia ser feliz mais tempo, tudo me corre, psicologicamente, às mil maravilhas: mas não tenho dinheiro. […]”
Mário de Sá-Carneiro, Carta a Fernando Pessoa, Março de 1916

“Quando eu morrer batam em latas, Rompam aos saltos e aos pinotes, Façam estalar no ar chicotes, Chamem palhaços e acrobatas! Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza... A um morto nada se recusa, E eu quero por força ir de burro!”

Mário de Sá-Carneiro, 1916


FICHA TÉCNICA e ARTÍSTICA
Autor: Mário de Sá Carneiro I Interprete: Bruno Schiappa I Investigação/Orientação Debate: Bruno Schiappa




+ VIDEO: https://www.youtube.com/watch?v=s1Rz1nHvSfk&feature=share

+ NOTA BIOGRÁFICA: BRUNO SCHIAPPA é Ator/Encenador/Dramaturgo profissional. Com formação na Escola Superior de Teatro e Cinema, e workshops em Nova Iorque, Paris, Áustria e Rússia, especializou-se nas técnicas de O Método, de Lee Strasberg, com Marcia Haufrecht. É Doutorado em Estudos Artísticos pela Universidade de Lisboa e Mestre em Estudos de Teatro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Tem trabalhado em palco, cinema e televisão e formado vários atores portugueses; dirigiu um workshop sobre O Método em Montréal e o seu espetáculo de teatro Memórias de Um Psicopata foi apresentado em Paris no Kyron Éspace. Durante oito anos foi membro da companhia de teatro canadiana Pigeons International. Foi protagonista da longa metragem de Orlando Fortunato Batepá e prémio de ator pelo trabalho em Frozen e (I)Mortal e de melhor coreografia Marchas de Lisboa 2011, pela EGEAC. Para além de uma carreira de 26 anos como Ator, Encenador e Dramaturgo, tem lecionado em várias instituições de Ensino Técnico e Profissional, Institutos Superiores Politécnicos e Universidade de Évora. Nos anos 90 coreografou vários programas de televisão para a RTP1 e peças de teatro. Colaborou como intérprete a Companhia Pigeons International, uma companhia de teatro-dança canadiana, de 2000 a 2008. Tem forte formação, também, na área da Dança e do Sapateado, disciplinas que abraçou para complementar o seu trabalho de ator, tendo estagiado em Estúdios de New York (Steps Studio – Michael Owens, Lesley Lockery, Brenda Buffalino, Lane Alexander) e Paris (Victor Cugno e Tony Clide). Trabalhou com coreógrafos como Rui Horta, Olga Roriz, Cláudia Andermatt, Paulo Ribeiro e Liliane Viegas. A paixão pela construção de fisicalidades levou-o a um percurso pelo teatro físico tendo participado em seminários intensivos e residenciais de Eugenio Barba, Thomas Mettler e Sergei Ostrenko. Recentemente concebeu um mestrado e uma pós-graduação em Artes Performativas e Tecnologias Digitais para a Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa. O programa de estudos integra trabalho sensorial, técnicas de combate, corpo e voz e captura de movimento com o objetivo de estimular e desenvolver a aptidão dos criadores de performance para o mercado dos jogos de computador e do cinema 3D. É Investigador Integrado do Centro de Estudos de Teatro da Universidade de Lisboa que reconhece e apoia as suas ações de formação. Sobre o trabalho de Bruno Schiappa, Marcia Haufrecht refere: "Bruno Schiappa's work with actors exhibit sensitivity, intelligence and imagination. Also, his knowledge and understanding of theatre past and present is unsurpassable. I believe he can make a very big contribuition and effect a positive influence with any opportunity he has for advancing the art of acting". Marcia Haufrecht
Lisboa, 12/05/2016

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