"A…guardando"
57ª criação p/ adulto Animateatro
M12 | 40min
Espaço Animateatro
21H30
Sobre
ou apresentação da ideia
“A...guardando” é uma performance desenvolvida em coletivo por Cláudia Palma, Filipa Matta, João Ascenso, Lina Ramos e Patrícia Ricardo tendo como ponto de partida o tempo como espera na melancolia (passado), como elemento condicionante de desejos (presente) e como expectativa veloz (futuro). Três elementos que revelam a nossa noção de tempo na contemporaneidade e que foi explorada formalmente sob a forma de improviso (com uma dramaturgia definida à priori) através das relações do eu com o outro e do eu com o espaço à sua volta. A premissa será “viver” as performances, quer em espaços abandonados, quer em espaços culturais mais convencionais, todos adaptados ao tempo do lugar, enquadrando desta forma as suas histórias e substâncias.
“Aguardem. É agora o momento, e este é o registo do momento.” Laurie Anderson
Abordando a criação num prisma coletivo, foi-nos vital o dissecar a ideia de tempo num formato científico e filosófico, um tempo que se veicula pela subjetividade, pela obrigação, pelo natural que por sua vez se digladia com o social. O estar e ser permitiu-nos jogar improvisando em locais que não nos pediam nada, tudo lá estava cheio, locais em suposto “abandono”. Adquirimos com esta experiência em outdoor, material em vários suportes que nos interessa manter: o vídeo, a escrita, o áudio e a memória mental e física que nos possibilita seguir com os trabalhos para um espaço indoor. Portas dentro, munimo-nos das experiências adquiridas permitindo-nos fazer uma abordagem plástica, no corpo e na relação com o objeto artístico. Será crucial manter viva a memória, acompanhando o desenlace da criação em formato blog, guardando o ido e cumprindo assim a ideia de partilha.
O projeto surge precisamente porque entre todos os elementos envolvidos existe um sentimento de que a “corrida” contra o tempo pode ser um peso, um sufoco, assim a performance, usando a relação individual/espacial, será um veículo para repensar as nossas vidas, as relações humanas e políticas numa expectativa de aguardar o que está por vir e que não chega – como as personagens de Beckett que se relacionam com mundo sem encantamento, contudo e sem saber porquê mantêm-se à tona, rompendo com o senso, com a razão.
Bebendo dos distintos percursos/linguagens teatrais que cada um dos intervenientes transporta, interessa-nos explanar o tempo como conceito de identidade e de coletivo, desenvolvendo múltiplos entendimentos do significado “relação”. Perante uma contemporaneidade baça, consideramos pertinente levantar estas questões sobre as perspetivas individuais e coletivas, de como em pouco tempo tudo aquilo em que acreditávamos é posto em causa, num estalar de dedos.
Então como podemos viver o tempo? A espera? Como ultrapassar a angústia de algo que é mais veloz que nós? O racional será explorado como elemento transitório, no decorrer daquele tempo, a consciência será frequentemente desintegrada, inundando o ato com vários 'agoras' em que a incapacidade na tomada de decisão vigorará. O confronto animal estará patente, esboroando ao embater na humanidade. É sabido que faz parte da nossa natureza terminar sempre com o intuito de iniciar, somos insaciáveis. Foi esta dicotomia, o lidar com, que nos serviu de alimento no processo criativo.
Objectivos artísticos
ou interesse público/cultural do projeto
Artisticamente o objetivo será explorar o tempo no performer e o performer no tempo. O interesse na partilha com o público. Responder à questão: como é que a gestão individual do tempo pode afetar o coletivo, a sociedade contemporânea. É facto que um segundo é “supostamente” idêntico a todos, a forma como nos afeta é sim, exponencialmente distinta. A relação com algo que ainda não estamos certos sobre. Serve-nos a certeza de querer explorá-lo em locais que são prova certa, deste agente, ali o tempo existiu, existe e existirá. Interessa-nos uma experiência assente no encontro, culturalmente diferencial, propondo perspetivas num tom de abertura.
Sinopse
ou apenas uma tal de linha
“Poderá o tempo, o espanto, um encantamento frugal suprimir a incessante procura? Anafados do tanto, ansiamos por mais. A palavra, essa meretriz omnipresente que nos ludibria, façamo-la refém, por agora, nas entranhas. Em ânimo ou extenuados avançaremos ate ao embate num confronto, seja ele de curta ou longa duração, porque o tempo ao passar promete apaziguá-lo, assim resistiremos, inevitavelmente a…guardando.”
Ficha Técnica e Artística
Cocriação: Cláudia Palma, Filipa Matta, João Ascenso, Lina Ramos e Patrícia Ricardo | Interpretação: Cláudia Palma, Filipa Matta e Lina Ramos | Grafismo: César Duarte | Fotografia/ Registo Audiovisual/ Técnica: Patrícia Ricardo | Produção: Animateatro
República Portuguesa – Ministério da Cultura
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